Tudo aquilo que nos cruza, nos constrói.
Antes de nascer na terra, vamos escolher nossa cabeça na casa de Àjàlá, a divindade primordial responsável pela criação das cabeças. Para nascer é preciso escolher entre muitas cabeças-destinos a cabeça do nosso caminho. A cabaça-cabeça que contém as sementes que serão germinadas. Destino é semeadura de percurso e experiência vivida. Não é racionalizável, mensurável e fixo, mas sentido e percebido. E os sentires e perceberes são matérias líquidas, maleáveis. Portanto, o destino é mais barro do que tijolo. Podemos desfazer e refazer. O mapa astral não é coisa rígida, parede. É uma tecnologia anciã para viajantes do futuro, pois somos viajantes do futuro. Nele encontramos conhecimento sobre o que nos atravessa e concebe. Ele não fala de dor, sofrimento, mas não romantiza a vida. Fala de uma ligação cosmologica fundamental de sermos seres em pacto com a terra, fogo, água, ar e suas inteligências. Nos localiza cosmosensivelmente na terra, o planeta, e terra, Onílé. Oráculos ritualizam e tornam sagradas as relações entre seus elementos materiais e simbólicos. Você escolheu uma cabeça, um ascendente, que traz um enredo. Você escolheu um Sol, um destino que deve ter. Mas sobretudo, escolheu um mapa, que é o destino que aprendemos ser o nosso. E isso fazemos caminhando.
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AutorFelipe Zúñiga: Histórico
November 2022
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